sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Pedidos - por Flavio Gomes

Texto publicado na Coluna WarmUp do site Grande Prêmio, do IG.
Todos pedem alguma coisa nesta época do ano.

Tratamento igual na equipe. Um novo título, por que não? Voltar a ser o que era. Ganhar um campeonato e virar deus. Menos erros, mais sorte. Um novo sopro do destino. Deixar de ser promessa, voltar aos bons tempos. Ganhar mais que elogios, provar que merece estar onde está. Honrar o país, mostrar que ainda dá. Sair do lugar, acabar com as desconfianças, justificar a confiança, virar mito, ser como aquele outro, crescer para virar adulto logo, fazer jus ao nome do passado, ser fiel às tradições perdidas, ter alguma coisa para dirigir, não ser motivo de chacota, dar um salto de qualidade, entrar pela porta da frente.

Tem também aqueles que foram esquecidos e se veem desorientados, o sonho de uma vida escorrendo pelas mãos, com pouco, pouquíssimo tempo para tomar decisões e encontrar um rumo, não pedem nada muito palpável, talvez só mesmo um rumo.

Há os que não alimentam grandes ilusões, reduziram suas ambições, pedem apenas que a vida não lhes dê nenhum grande susto, permita que sigam acelerando em seu ritmo, que encontrem aquele prazer íntimo e secreto de apenas participar, fazer número, misturar-se à multidão.

Há os que se contentam em ver de perto, estar lá, escutar os sons e sentir os cheiros, e se der em glebas distantes, aquelas só conhecidas pela TV, mas agora dá, que tal se programar para estar onde nunca antes se sonhou em estar? Sempre foi um sonho, algo quase inatingível, mas, pensando bem, nem é tão longe assim, para quê a gente vive, afinal, se não para realizar sonhos?

Tem também aqueles que fecham os olhos e enxergam a estrada infinita, pedem apenas que ela seja de fato sem fim, não termine nunca, nunca mesmo, sem rumo certo, sem destino definido, apenas exista, para que o asfalto possa ser engolido por toda a eternidade ao som monótono e reconfortante do ronco de um motor, seja ele qual for, o que importa é o caminho, e não exatamente onde se imagina que se quer chegar.

Há os que são gratos por tudo, nada mais querem, está ótimo assim, que as coisas sigam tranquilas e serenas pela rota escolhida, mesmo se de vez em quando surja aquela sensação de que poderia haver outra, ou outras, mais misteriosas e sedutoras, mas é preciso escolher uma, não? Então que assim seja, vamos em frente, não, não quero nada, está bom assim.

Há os que não se contentam com pouco e querem, quase exigem, vitórias, glórias, fama, fortuna, júbilo, fartura, triunfos, luzes, exuberância, felicidade eterna e sem medidas, mal sabem como pode ser grande o tombo, sorte a eles, que consigam tudo.

E tem aqueles, como eu, que não sabem o que pedir, nem a quem, nem como, até se sentem mal em pedir alguma coisa, e por isso mesmo só querem um carrinho de plástico.

O Mistério do Piano

Esse talvez seja a última postagem do ano. Vou começar ela falando da última semana que passou. Na semana passada, foi minha despedida de trabalhar com meu querido amigo Thiago. Ele tem uma empresa que faz som e iluminação em festas, o melhor que conheço, então se você for fazer 15 anos, casar, comemorar alguma coisa ou só fazer farra mesmo, é só perguntar o telefone dele. Deixando a propaganda de lado, na última semana que trabalhei com ele foi totalmente pauleira, formatura atrás de formatura, muito trabalho, o que é muito bom para ele.

Em um desses dias, encontrei dois amigos, que são iguais (são gêmeos), e o dia (noite na verdade) foi só de risada. Começamos com o Matheus doido para encontrar o piano que tem no teatro Municipal aqui de Mococa. É um piano de cauda lindo, que de algum modo não estava lá. Gostaria muito de saber onde ele estaria. O Matheus passou a noite de ensaio procurando esse piano, foi até engraçado.

No ensaio, bom, melhor ficar quieto. Só digo que tem uma boa safra vinda por ai, mas é uma colheita a ser feita só em cinco ou seis anos. Double Trouble é um bom exemplo, mas isso é isso é uma piada interna.

Segunda-feira desta semana, dia 20, acordei meio que desesperado. No dia 22 eu iria para Poços de Caldas para encontrar um apartamento. Como iria ter que morar sozinho, ia gastar muito, o mais barato que encontrei foi uns R$ 370, muito caro para quem não tem muito dinheiro. O mais incrível que aconteceu, na quinta já estávamos em seis, com um apartamento de três quartos e meio (já explico o “meio”).

Na segunda mesmo, entrei em um site que se chama Repúblicas Brasil, onde a galera do Brasil todo entra para tentar achar um lugar para morar ou encontrar alguém para dividir aluguel. Encontrei dois caras que procuravam lugar para ficar em Poços, na hora mandei e-mail para os dois. Um deles respondeu me surpreendendo, ele já começava o e-mail com:

Tá zuando comigo!!!
Farofa!!!
tá lembrando de mim!?!?!?!”

Mundinho pequeno. Era o Luiz, amigo da época que estudei no Colégio Maria Imaculada, em 2004, quando fiz cursinho, quer dizer, fingia que fazia cursinho. Ele está fazendo Engenharia Química em São Carlos e conseguiu um estágio lá em Poços. Os outros caras também estão indo para fazer estágio lá.

Já na quarta nos encontramos, eu e o Luiz, lá em Poços para ir atrás do apartamento. Encontramos um que é show de bola, ainda postarei muitas fotos dele por aqui. Deixa a gente se mudar. O único problema é a papelada, que ainda não está 100% certo, eu odeio burocracia. Ah, o meio quarto, é que fomos ver o apartamento, que era dito ter três quatos, mas no fundo da área de serviço tinha um quarto de empregada, quer dizer, uma suite, na qual, já foi apossada pelo Luiz, que adorou o lugar.

Bom, desejo a todos vocês, meus leitores inexistentes, um ótimo final de ano e um 2011 de muita paz, saúde e sucesso para todos nós.


Beijos e Abraços

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Vigilantes do Sonho, um desabafo corintiano

por Rafael Vasconcelo
vasconcelorafael@gmail.com


Hoje é dia de Corinthians. Não, não é dia do campeão Fluminense. O dia é de esculachar um clube que domina corações apaixonados e loucos, algo que eles não tem. Como sempre, eles torcem por outros clubes. Vendem até a alma. Querem loucamente a desgraça do povo. Querem que a favela se cale. Querem que o preto e o branco percam a cor. Que o fiel deixe de ser fiel. Custe o que custar.

Buscam em noventa minutos o sofrimento de 25 milhões de maloqueiros sofredores, graças a Deus! Quando não triunfam, colocam o rabo entre as pernas e saem sem ninguém perceber. Mas, quando a vitória vem, o inferno se arma. Bandeiras e faixas aparecem pelas ruas. Camisas saem dos armários para vestir esses que se julgam Goiás, Avaí ou Atlético-PR, desde criancinha. Esquecem de torcer e apoiar o seu próprio time. Esquecem por algum tempo os problemas de casa.

Se o time não consegue um titulo ou uma classificação, a missão é infernizar e destruir a paixão do povo. Só que eles não sabem que esta paixão é maior do que qualquer gozação ou campeonato. Quanto mais eles nos batem e falam mal, o amor aumenta. É um lampião existente em cada um de nós, que nunca vai se apagar. Nem se um dia deixar de existir, que Deus e a Fiel me perdoe, jamais há de acontecer.

O Centenário não acabou, há ainda mais um ano. Mais uma oportunidade para o alvinegro tirar o sono dos vigilantes, meros aproveitadores. Perdendo ou vencendo. Empatando ou até não jogando. O que incomoda no futebol brasileiro, é o Corinthians e o corintiano. É o pobre sorrindo e o rico chorando.

A parcialidade é uma “caixa de pandora”

A imparcialidade, que tanto é pregada nos cursos de Comunicação Social, tem sua razão para existir: nos proteger. Quando deixamos de sermos imparciais, tudo que dizemos pode se voltar contra nós mesmos se estivermos equivocados. Perdemos a proteção da mídia que estamos representando. Ser imparcial é uma autodefesa do jornalista, um sistema de proteção. É jogar toda a responsabilidade de um fato, no próprio fato em questão.

Quando deixamos de ser imparciais, nos locais que nos permitam fazer isso, que hoje são muitos, nós assumimos a responsabilidade e mostramos nossas caras. Emitindo nossa opinião abertamente, nos sujeitamos a receber opiniões de volta, em forma de críticas.

A parcialidade é como se fosse uma “caixa de pandora”. Temos ela em nossas mãos, se vamos abrir ou não, somos nós quem decidimos. Fechada, nossa vida pode seguir normalmente, nos caminhos das pautas simples, matérias bem feitas e sem emoção, reportagens bem cobertas, porém, sem nenhum sentimento; praticamente um jornalismo verdadeiro, que não toca, não mexe, não balança, não chega até o coração de quem recebe a informação. 

Mas, se um dia abrirmos essa caixa, é algo que não se pode voltar atrás. A consequência não se pode saber. Isso vai ser bom ou ruim? Não se sabe. Todos os nossos atos podem se voltar para nós; como fracasso ou sucesso. A caixa está em suas mãos, caros colegas. Alguém vai arriscar?

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Do asfalto ao gramado

O Campeonato Brasileiro já contornou a última curva e aponta na reta de chegada, e assim como na Fórmula 1, só será decidido depois da bandeira quadriculada. Da mesma forma como foi decidida a temporada mais emocionante e polêmica da competição automobilística, o futebol brasileiro pode ter três campeões; Fluminense (1º colocado, 68 pontos), Corinthians (2º, com 67 pontos) e Cruzeiro (3º, 66 pontos), sem contar que o Brasileirão de 2010 também foi o mais emocionante e polêmico dos últimos anos.

Mala branca, corpo mole, jogo de equipe, foram os principais assuntos discutidos dentro e fora das pistas e gramados. Convenhamos, jogo de equipe, principalmente na Ferrari, sempre existiu. Mala branca no futebol, não é tão grave, mas também não é tão justo. O que é realmente grave é uma torcida exigir que todo o trabalho de um time seja jogado fora em uma única partida por uma simples questão de rivalidade.

As atitudes das torcidas do São Paulo e do Palmeiras, essa última mais desprezível ainda pela agressão ao goleiro Deola, foram totalmente antidesportiva. Exigir que seus jogadores entreguem o jogo é absurdo. Espero que entendam o meu ponto, entregar o jogo, é diferente de ganhar uma “bolada” para vencer uma partida. Mas volto a repetir, não sou a favor de nenhum tipo de incentivo ou pagamento por partidas. 

No caso do Brasileirão deste ano podemos ter outros interesses em jogo, por exemplo, o Corinthians, que tem o mesmo patrocinador que Goiás e Guarani. Dois times diretamente envolvidos com os resultados do campeonato. Lógico, não é certo que o Goiás entregue o jogo para o Timão, mas não seria o fim se o Guarani lutasse para vencer o jogo contra o Fluminense. 

Uma solução para acabar com essa polêmica, pode ser a volta do “mata-mata”, redução das vagas para Copa Sul-Americana ou até mesmo uma premiação em dinheiro para os melhores colocados no campeonato, uma forma de evitar que os times no meio da tabela entreguem o jogo. Outra solução, só que mais utópica, seria uma aulinha de ética esportiva para os dirigentes do futebol, pena que não funcionaria, pois como dizia o meu avô: “burro velho não aprende truque novo.” 

Só por curiosidade, na Fórmula 1, o campeão deste ano foi Sebastian Vettel (Red Bull), que chegou na última corrida em terceiro lugar no campeonato, atrás de Fernando Alonso (Ferrari) e Mark Webber (Red Bull), e saiu de Abu Dhabi com o “caneco”. Em 2007, correndo pela Ferrari, o finlandês Kimi Raikkonen fez a mesma façanha, aqui no Brasil. Então, torcedores do Cruzeiro, não é hora de desanimar, o campeão não está decidido.