quinta-feira, 28 de junho de 2012

Um pedido ao chefe

Caro Chefe,

Eu tenho um sonho. Onde todas as pessoas são iguais... não, isso é Martin Luther King.

Eu tenho outro sonho. E esse sonho me foi passado como herança há muito tempo. Esse sonho já dura muitos anos.

Na próxima semana, esse sonho pode se realizar e, a única coisa que gostaria, era estar presente quando isso acontecer.

Não é todo dia que se realiza um sonho, ainda mais um sonho banhado a suor, terra, barro, sangue.

Não é sempre que podemos honrar nossos nobres antecedentes com uma gloriosa festa, colorindo, uma das maiores cidades do mundo, de preto e branco.

Nosso sonho nasceu de mãos calejadas, roupas puídas, sujeira do orgulho de ser trabalhador, operário.

Sempre chegamos lá. Com a força do nosso povo que empurra pra cima esses onze operários de “meiões” e chuteiras.

E do mesmo modo nós vamos realizar mais esse sonho, o sonho da vez, porque antes desse, já existiram outros e, assim como os outros, esse um dia vai se realizar, seja semana que vem, daqui um ou dez anos.

Jamais abandonaremos esse sonho. Porque o que nos move, não é o sonho em si, e sim sonhar. O processo é a realização que é a nossa verdadeira paixão.

Conquistas são detalhes. O que é bom mesmo é sofrer, gritar, chorar, berrar, torcer. É o processo que conta.

Dizem que o melhor da festa é esperar por ela. Pode ser. Mas na festa da próxima quarta, que São Jorge nos ajude e Deus queria, eu vou estar lá, com mais 30 milhões de monocromáticos amigos.


Att
Seu Funcionário

domingo, 24 de junho de 2012

Lágrimas de São Jorge - por Anderson Ferreira

Esse texto é do Anderson, integrante do Quarteto, que escreveu sobre a nossa ida à São Paulo para presenciar a classificação do Corinthians para a final da bendita Libertadores. Destruiu no texto.



Lágrimas de São Jorge
por Anderson Ferreira

Ninguém me contou, eu estava lá. Vi e senti. Assim que Danilo fez o gol de empate contra o Santos, antes do terceiro minuto do segundo tempo, o que significava mais de quarenta minutos ainda de sofrimento, começou a chover. Não tenho dúvidas, aquilo não era chuva, era São Jorge que chorava do céu, abraçado a Sócrates após o tento corintiano.

Sou assumidamente torcedor do Corinthians, embora isso nunca tenha me impedido de reconhecer que o Santos tinha melhor elenco nessa decisão. Minha paixão clubística nunca me fez esconder que o São Paulo 92/93 foi o maior time que vi jogar, tampouco que sempre tive medo de enfrentar o Palmeiras em decisões, principalmente pelas eliminações nas Libertadores de 99 e 2000.

Desse modo, na última quarta, o Corinthians conseguiu exorcizar o primeiro demônio. Após o gol santista, digo com convicção, não existia no Pacaembu um torcedor, fosse peixeiro ou do bando de loucos, que não imaginasse outra eliminação do time da capital. A ida à final representa ao corintiano mais que a disputa do título que ele mais cobiça, representa a vitória sobre um sentimento que o acompanhava desde a defesa de Marcos no pênalti do Marcelinho.

E o destino reservou ao Corinthians, na sua primeira final, o pior dos adversários possíveis. Enfrentar o Boca Juniors nunca é bom negócio. Riquelme, o maestro portenho, é desses craques tão geniais que pode vencer sozinho a decisão. Ele já o fez contra o Palmeiras em 2000 e contra o Grêmio, em 2007. O melhor do time paulista é o seu conjunto. O esquema armado por Tite é de uma sincronia louvável, ao ponto de o time tomar o gol na quarta quando Ralf ficou impossibilitado de combater, ou seja, quando uma das peças não funcionou, a engrenagem falhou.

É, meus iguais corintianos, enfrentaremos o mundo a partir da próxima quarta-feira. A torcida do Boca será gigante como nunca foi e barulhenta e festeira como costuma ser na Bombonera. Resta-nos, então, viver o jogo como sempre vivemos e torcer para que perto da meia noite do dia 4 de julho, São Jorge esteja chorando tanto de felicidade que Sócrates tenha que deixar de lado sua cerveja para ampará-lo. Quanto a mim, não há outro lugar no mundo onde eu deseje mais estar que no Pacaembu, no mesmo dia, sentindo as lágrimas de São Jorge outra vez.