segunda-feira, 15 de abril de 2013

Casamento estranho, com noivos esquisitos


Depois de já ter feito mais de trinta casamentos, do tempo em que trabalhava como técnico de som para a empresa de um amigo, nunca imaginei que o meu seria o mais difícil de todos e, imagino, que nem a noiva.

Não sei se é e todos, mas tudo que podia acontecer, ou melhor, não podia acontecer, aconteceu. Teve padrinho que faltou, vestido que não entrava, sapato de padrinho descolado, noivo perdido, noiva sem transporte. É, espero que nem todos passem os apertos que passamos, mas quer saber de uma coisa, foi até legal, na hora não, lógico, mas depois, até hoje, gera bastante risadas. 

A semana do casamento foi bem conturbada. Fora o matrimônio, outras coisas me roubavam o sono. A casa toda bagunçada esperando móveis chegar e o pior de tudo, a empresa que me trouxe para Poços, me fazendo deixar meu emprego de funcionário público e me prometeu mundos e fundos, resolveram não renovar meu contrato de experiência. Estão ruins das pernas, mandaram vários funcionários embora e fecharam algumas lojas do grupo além de cancelar alguns programas. Bom, não sou empresário, então, não cabe a mim criticá-los, até entendo o que fizeram, mas lógico, não é fácil passar por esta situação. Espero que quando as pessoas estiverem lendo isso, eu já esteja empregado em tranquilo novamente. Afinal, já fiz até entrevista na concorrência e enviei alguns currículos.

Voltando ao casamento, fui para Campos Gerais na quinta feira. Tinha a sensação de que tudo estava pronto. Achei que meu papel seria apenas entrar na igreja e dizer sim. Mas a vida é uma caixinha de surpresas, como diriam os “Melhores do Mundo”. Coisas começaram a surgir e problemas começaram a ser despejados em cima de nós, os noivos. Principalmente no dia do casamento. Na sexta de noite, uma pausa na loucura; fomos a uma pizzaria, comemorar com alguns padrinhos e amigos. 

Ainda na madrugada de sexta para sábado, lembramos que não tínhamos as músicas do casamento. Conectei na lenta internet que tínhamos, e comecei a procurar, consegui todas, mas não tinha CD para gravar as músicas. De manhã, lembramos ainda que não tinha os “trequinhos” de fazer bolha de sabão, então pedi a minha irmã e meu cunhado que saíssem para procurar isso para mim e também para comprar CDs. Sorte nossa que era sábado, então diversas lojas estavam abertas.

Próximo ao casamento, começaram a chegar os familiares e alguns amigos que iriam se arrumar na casa da noiva, e eu estava sozinho esperando o povo. Junto com eles, em uma correria enorme, começaram a chegar mais pessoas para entregar presentes.

E aqui faço uma pausa e um apelo. Por favor, pessoal. Nunca, jamais, vão entregar presentes para os noivos, meia hora antes do casamento. Isso é extremamente inoportuno. O que faz as pessoas imaginarem que os noivos estão à disposição delas alguns minutos antes do casamento. 

Voltando ao casamento, as preparações para ser mais exato. Faltando uns quinze minutos para a cerimônia, terminei de grava o CD com as músicas. Meu tio me levou a igreja. Todos já estavam lá, aguardando. Fui correndo a sacristia, onde a pessoa responsável pelas músicas não estava. Durante isso, muitas ligações e mensagens. Minha noiva não tinha como ir ao casamento, eu não tinha como ir buscá-la, não sabia quem poderia ir. As pessoas que pensava em ir buscá-la tinham que estar na igreja, pois eram padrinhos ou era meu pai. Não conseguia achar meu irmão. Os padrinhos, que não eram casais, não sabiam quem tinha que entrar com quem. Um dos padrinhos não apareceu porque achou que o casamento era de noite. 11h da noite, Pedrinho, onde? O sapato do João, outro padrinho, descolou. O homem da sacristia chegou, tive que ir correndo anotar todas as músicas para ele, alias, tivemos que ouvir tudo, porque não consegui lembrar para que era cada música. E ainda por cima, o padre estava atrasado. As meninas, sobrinhas da noiva, que entraram junto com ela, disse que o salão traria ela, então alguns padrinhos que poderiam resolver o problema de transporte, não se preocuparam.

Enquanto isso tudo acontecia na igreja, no salão onde a noiva se arrumava, às 11h, hora marcada para começar a cerimônia, a noiva ainda estava sem vestido. O porquê? A pessoa responsável para ajustar o vestido, errou, POR UM PALMO. Convenhamos, errar um ou dois dedinhos, vamos lá, mas um palmo, é coisa pra caramba. Com isso, o vestido teve que ser ajustado novamente.

Noiva na porta da igreja, música dos padrinhos tocando, todos entrando, o João arrastando o pé, eu aguardando a entrada. E que entrada. Nossa, parece que tudo parou, parece que todos os problemas de antes foram apenas uma brincadeira para valorizar aquele momento. A música escolhida para essa entrada triunfal foi o tema do “Senhor dos Anéis – o Retorno do Rei”, me senti o próprio Aragorn entrando no alto da cidade branca para se casar com Arwin. Coisa de casamento de nerd, fazer o quê, né?

Mas ainda lá, prostrado no altar, aguardando a entrada da noiva, parecia que não era o meu casamento. Não sei explicar bem como é a sensação. Mas não era eu. Só me caiu a ficha quando as portas se abriram, e lá estava ela, linda, como sempre havia imaginado. Sorrindo, com uma mistura de felicidade e nervosismo, mas ainda sim, o mais lindo sorriso que já vi. É, realmente era o meu casamento. 

E as falhas não terminaram por ai. Antes de entrar, a pessoa que tomava conta da cerimônia me disse que quando a noiva chegasse a três bancos do altar eu deveria busca-la e recebe-la com um beijo na testa. Para ela, as instruções foram outras. Ela parou no sexto banco e eu fiquei olhando, até o coroinha me falou: “vai receber ela”. Ah, é mesmo – pensei. E na hora de encontra-la fui beijar e testa e ela veio para me beijar, ficamos meio perdidos. Ela ainda falou: Ai, não pode beijar, né? E eu respondi: Não, doida. E fomos rindo para o altar, sem saber o que fazer, se íamos ao altar, esperava, como dar os braços, ela me deu o braço, eu falei: não, eu que sou o homens sua louca. E lá foram os dois, rindo, até diante do padre. E assim foi durante a cerimônia toda. Nunca vi noivos que conversaram tanto durante o casamento. Minha mãe ficava olhando feio. E a gente se divertindo. Na hora das alianças, erramos as mãos.

Depois foi só alegria, momentos de fotos, pra variar fazendo caretas. E o grande momentos. O que não poderia faltar no casamento desse jornalista doido. O hino do Corinthians, tocado em solo de saxofone, chamou a atenção de todos, principalmente daqueles que torcem para outros times, que quase não suportaram ver a flamula do Corinthians que retirei do bolso. 

Acho que pela cerimônia, deu pra gente ter noção de como será nossa vida a dois. Embora enrascados, sempre estaremos unidos, com sorriso no rosto e apaixonados. Juntos, nada pode nos atingir. E unidos, sempre venceremos os desafios, sejam quais forem.