segunda-feira, 10 de maio de 2010

Antes só do que mal acompanhado


Esse texto não vai ser muito engraçado, imagino, é um pouco triste. Na verdade vou contar a história de um amigo. É uma história triste porque meu amigo foi injustiçado pelo simples fato de querer ajudar as pessoas. Todos acham que isso é o certo, ajudar as pessoas, mas agora eu discordo plenamente, acho que cada um tem que se fuder sozinho, se ferrar pra aprender. Por que será que é tão difícil escutar uma pessoa? Não sei! Infelizmente o nosso mundo não veio com um manual de instrução.
A história do meu amigo começa com a conversa que teve com uma professora, ouviu dela algo que sempre ouviu pela vida de todas suas professoras e professores: “Você é tão inteligente, mas é muito preguiçoso”. Mas desta vez veio com outro conceito; a professora falou sobre ela, disse que quando era jovem e estava na faculdade se descobriu uma garota inteligente e isso a tornou uma pessoa preguiçosa, deixava pra estudar encima da hora e coisas do tipo. Ela se virou para meu amigo e disse: “o seu problema, foi descobrir isso cedo demais”. Disse que era muito inteligente e, novamente, era preguiçoso. Ela reparava que ele não ligava para fazer trabalhos e nem estudava pra provas, mas suas notas eram sempre satisfatórias. Na verdade ele nunca ligou pra esse negócio de tirar notas, tinha que passar de ano apenas.
A conversa ficou na cabeça dele, não acreditava nisso, sempre que as professoras falavam essas coisas, achava que era apenas “puxação de saco”. Mas dessa vez ele começou a refletir sobre isso. Lembrou até de uma vez que sua mão foi chamada na escola porque ele não estudava para as provas, mas sempre ia muito bem (pra não dizer que tirava as melhores notas), ele mal tinha anotações nos cadernos, não tinha como ir bem. Começou a rever seus pensamentos e constatou o que era óbvio, ele era mesmo inteligente, não é exagero, isso seria se eu dissesse que ele era um gênio, mas não era o caso.
Ele começou então, de uma certo modo, ajudar seus amigos quando precisavam, algo que tinha vergonha de fazer. Sempre que sabia algo, às vezes omitia, por ter vergonha de falar e dar sua opinião. Mas dessa vez, achou que poderia ajuda as pessoas. Na opinião dele, não tinha sentido vencer sozinho, ele tinha que levar as pessoas que gostava junto com ele. Os amigos que conviviam com ele, os mais próximos, sempre admiraram isso nele. Ele tinha a resposta para quase todas as duvidas que eles tivessem e se não sabia, não poupava esforços para descobrir. Os mais chegados brincavam o chamando de “Barsa” (alusão à enciclopédia).
Mas de uns tempos para cá, isso tem sido motivo de chateação para algumas pessoas. Hoje tiram sarro e até ficam olhando de cara feia cada vez que ele abre a boca. Quando tenta ajudar alguém é esculachado. Isso tem deixado o pobre muito triste. Mas fazer o que agora, se isso já ficou cravado na sua pele como uma cicatriz? A única solução pra ele é mudar, seu jeito, sua personalidade, pelo menos quando estiver neste ambiente hostil. Ficar quieto começou a ser sua meta para este ano e vem tentando fazer isso o máximo que pode.
O que me levou a escrever esta noite, foi o fato que aconteceu hoje, que me deixou muito triste e senti uma vontade enorme de compartilhar isso. Ele vem sendo hostilizado até mesmo pelos seus melhores amigos (os do ambiente hostil, que fique claro), fazem piadinhas e não pode nem querer falar algo que já começam, é uma situação complicada. E dessa última vez que falei com ele, disse que foi atingido pela pessoa que mais gosta, é duro quando se é atacado por alguém que se ama, mas na verdade ela já vinha atingindo ele a algum tempo, hoje só foi a gota d’água. Aposto que doeu, mas foi ótimo para aprender, antes tarde do que nunca.
Falei pra ele não ligar. Agora é bola pra frente, os planos de vez em quando mudam. “Obstáculos são inevitáveis, se deixar abater por eles, é opcional”.
Concluo com tudo isso, que devemos pensar muito bem antes de ajudar as pessoas, de preferência conhecê-las muito bem. Um cara que poderia ser uma fonte para muito, hoje duvido que ajude alguém que não a sim mesmo. E não tiro a razão dele. Ser egoísta, as vezes, é um mal necessário. Descubro também que ser inteligente é ser sozinho. A solidão é um castigo por entender melhor o mundo e as pessoas.

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