Esse texto é do Anderson, integrante do Quarteto, que escreveu sobre a nossa ida à São Paulo para presenciar a classificação do Corinthians para a final da bendita Libertadores. Destruiu no texto.
Lágrimas de São Jorge
por Anderson Ferreira
Ninguém me contou, eu estava lá. Vi e senti. Assim que
Danilo fez o gol de empate contra o Santos, antes do terceiro minuto do segundo
tempo, o que significava mais de quarenta minutos ainda de sofrimento, começou
a chover. Não tenho dúvidas, aquilo não era chuva, era São Jorge que chorava do
céu, abraçado a Sócrates após o tento corintiano.
Sou assumidamente torcedor do Corinthians, embora isso nunca
tenha me impedido de reconhecer que o Santos tinha melhor elenco nessa decisão.
Minha paixão clubística nunca me fez esconder que o São Paulo 92/93 foi o maior
time que vi jogar, tampouco que sempre tive medo de enfrentar o Palmeiras em
decisões, principalmente pelas eliminações nas Libertadores de 99 e 2000.
Desse modo, na última quarta, o Corinthians conseguiu
exorcizar o primeiro demônio. Após o gol santista, digo com convicção, não
existia no Pacaembu um torcedor, fosse peixeiro ou do bando de loucos, que não imaginasse
outra eliminação do time da capital. A ida à final representa ao corintiano
mais que a disputa do título que ele mais cobiça, representa a vitória sobre um
sentimento que o acompanhava desde a defesa de Marcos no pênalti do Marcelinho.
E o destino reservou ao Corinthians, na sua primeira final,
o pior dos adversários possíveis. Enfrentar o Boca Juniors nunca é bom negócio.
Riquelme, o maestro portenho, é desses craques tão geniais que pode vencer
sozinho a decisão. Ele já o fez contra o Palmeiras em 2000 e contra o Grêmio,
em 2007. O melhor do time paulista é o seu conjunto. O esquema armado por Tite
é de uma sincronia louvável, ao ponto de o time tomar o gol na quarta quando
Ralf ficou impossibilitado de combater, ou seja, quando uma das peças não
funcionou, a engrenagem falhou.
É, meus iguais corintianos, enfrentaremos o mundo a partir
da próxima quarta-feira. A torcida do Boca será gigante como nunca foi e
barulhenta e festeira como costuma ser na Bombonera. Resta-nos, então, viver o
jogo como sempre vivemos e torcer para que perto da meia noite do dia 4 de
julho, São Jorge esteja chorando tanto de felicidade que Sócrates tenha que
deixar de lado sua cerveja para ampará-lo. Quanto a mim, não há outro lugar no
mundo onde eu deseje mais estar que no Pacaembu, no mesmo dia, sentindo as
lágrimas de São Jorge outra vez.
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